Uma década depois da publicação do best-seller Capitalismo Natural, um dos primeiros livros a associar os desafios ambientais a oportunidades lucrativas de negócios, ainda é comum no meio empresarial e no âmbito governamental, a assimilação de crescimento econômico como algo antagônico à proteção ao meio ambiente. Em Capitalismo Climático, publicado no Brasil pela Editora Cultrix, L. Hunter Lovins e Boyd Cohen dão um passo adiante, retratando experiências concretas empregadas em multinacionais, pequenas empresas, ONGs e municípios. E garantem: todas são altamente lucrativas.
Cada capítulo do livro se baseia em um detalhado estudo de caso que mostra como ONGs, corporações - tais como Walmart, Shell, GE, DuPont - e municípios – Curitiba, Bogotá, Portland, Madri, Londres - estão se voltando para a sustentabilidade para obter lucros, gerar capital e novos empregos.
No Estado do Colorado, ao longo dos dez últimos anos, foram criados mais novos empregos no setor de tecnologia limpa do que em todos os outros setores combinados. Em 2008, as indústrias verdes geraram 8,5 milhões de empregos em âmbito nacional e mais de 1 trilhão de dólares em receitas. Até 2030, a previsão é de que haja pelo menos 40 milhões de empregos.
No caso do Brasil, é citada a experiência com o etanol, que lhe confere o lugar de segunda economia do mundo na área. Por outro lado, os autores pontuam as críticas a essa forma de geração de energia e sinalizam - como um avanço - os chamados bicombustíveis de segunda geração, produzidos a partir de algas fotossintetizantes.
A solução encontrada pela cidade de Curitiba no que se refere ao transporte público, também é descrita no livro como um exemplo bem-sucedido. Em 1974, Curitiba introduziu um conceito chamado transito rápido de ônibus (BRT), o primeiro projeto de transporte aprovado como um mecanismo de desenvolvimento limpo(MDL) com certificação da ONU. A expectativa é que em 30 anos o BRT reduza o CO2 em 14,6 toneladas.
Outro dado surpreendente revelado no livro diz respeito ao setor da economia responsável por emitir a maior quantidade de gases do efeito estufa. Engana-se quem pensa que é o industrial. O propulsor mais poderoso do aquecimento global é a energia usada para construir e operar residências, escritórios e instalações industriais. A energia do setor predial é quase metade de todo consumo de energia.
O mercado verde da construção civil nos EUA correspondia a 2% dos prédios não residenciais em 2005, elevou-se para 10% a 12% em 2008 e crescerá para 20% a 25% até 2013. Segundo o The Wall Street Journal anunciou em 2010, a expectativa é que metade de todos os prédios não residenciais nos EUA será verde até 2015.
É possível reduzir pela metade
Os autores demonstram ainda que é possível reduzir nosso consumo de energia em pelo menos 50% por meio de tecnologias de eficiência, de satisfazer todas as nossas necessidades remanescentes com a energia renovável, criar prédios que mantenham os seus ocupantes confortáveis o ano inteiro apenas com energia solar, suprir nossas necessidades por transporte e alimentação saudável – e, ainda, delineiam a capacidade dos mercados de solucionar a crise climática.
E se toda crise é uma oportunidade, Capitalismo Climático fornece ferramentas para executivos, empresários e ambientalistas desenvolverem seu potencial criativo e aliarem-se em prol do planeta.
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